A palavra “nigger”, pode ser extremamente ofensiva para afro descendentes americanos pois normalmente é uma forma enfaticamente racista de se referir a negros, já que remonta à escravidão (assim como “boy”, por exemplo). Mas pode não ser, pois foi incorporada pela própria cultura negra americana, sendo usada de forma recorrente. Isso é normal para diversos tipos de ofensas em diversos lugares. O termo é também usado em algumas situações por brancos para se referir a negros de forma não racista... na brincadeira... mas é... na falta de palavra melhor... perigoso... Comediantes já se queimaram por isso...
A (boa) comédia se vale de temas espinhosos (ou bobos) para fazer rir... Já vi diversas formas de brincar com esse tema. A comediante Liza “the queen of mean” Lampanelli fez carreira insultando todas as minorias e maiorias possíveis. Como atira para todos os lados e brinca com esteriótipos é bem aceita. Ela usa a palavra “nigger” com frequência, mas não há problema... Ela brinca que já teve tantos pintos pretos dentro dela que é praticamente uma “sister”.
Tim Minchin, por sua vez, canta (não é um comediante tipo stand up, mas faz comédia ao piano) “Prejudice”. Nesta canção fala do dano que uma palavra composta por dois “g”´s, um “n”, um “i” e “er” pode causar. Não se trata de “nigger”, porém, mas de “ginger” (ruivos branquinhos, sardentinhos...)... O refrão: “Only a ginger can call another ginger ginger”... A brincadeira é a mesma de um episódio de “Seinfeld” no qual Jerry acusa um conhecido de se converter ao judaísmo só pra poder fazer piadas de judeus...
Mas a pior piada que ouvi “brincando” com isso foi a brilhante ideia de republicarem “As aventuras de Huckleberry Fynn” de Mark Twain substituindo a palavra “nigger”, que aparece 219 vezes, por “slave”. O livro foi proibido em escolas por conter o termo, já que seria desconfortável para os pobres alunos travar contato com tão infame palavra... então resolveram editar. Ideia mais ridícula e racista que a de escolas daqui de mudar a letra de “Boi da cara preta” para “Boi da cara feia”...
O melhor comentário que ouvi sobre essa bizarrice foi... de um comediante... Larry Wilmore “Senior Black Correspondent” do Daily Show. O texto é maravilhoso...
Wilmore "agradece" a "promoção" de "nigger" para escravo e lembra que o personagem Jim não é mais escravo, pois está fugindo... é mais difícil fugir da condição de "nigger" que da de "slave"... Adoro o Wilmore , e acho que no quadro ele fez uma bela crítica a esse revisionismo besta ou, como definido pelo Stewart, "whitewashing american history".
Para quem não conhecia e gostou do Wilmore, recomendo outro quadro dele no mesmo programa. Desta vez ele tira sarro do Glen Beck (que chamou Obama de Racista), ensinando aos brancos como usar a "race card":
http://www.thedailyshow.com/watch/tue-october-6-2009/playing-the-race-card
Uma piadinha que vi na net:
E, pra finalizar... Tim Minchin cantando "Prejudice"
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