quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Estupro e Aborto

Ahhhh os conservadores... Estado pequeno que não mete suas mãos sujas no mercado, cortes nos impostos – de preferência para os mais ricos, já que não se deve punir o sucesso e porque são eles que criam empregos - e valores cristãos!

Se você quiser deixar um conservador puto a receita é simples: faça com que o Estado use dinheiro de impostos para financiar algum programa que de alguma forma vá contra os sagrados valores cristãos!

A recém empossada Câmara dos Representes americana, controlada pelos republicanos já está trabalhando a todo o vapor no sentido de extirpar políticas públicas liberais que utilizam o dinheiro suado subtraído do contribuinte americano pelo governo para aberrações tais como pagar abortos para mulheres vítimas de estupro.

Assim, é prioridade na Câmara a votação do “No Taxpayer Funding for Abortion Act “. Esse projeto pretende alterar as leis federais que garantem assistência a mulheres estupradas que decidam por abortar. No modelo atual dinheiro federal não pode ser usado para pagar abortos, salvo exceções tais como risco de vida da mulher, incesto e estupro. A proposta republicana é rediscutir o que é estupro.

O projeto propõe que apoio financeiro só poderá ser concedido em casos de “forcible rape” (estupro forçado). Se não houver uso de força, não é estupro, quer dizer, até é, mas não é estupro de verdade. É isso aí. A mulher estava inconsciente quando foi estuprada? Não houve uso de força, logo, sem direito a aborto. Estupro a deficientes mentais? Se não houve "violência" não é estupro. “Statutary rape” (estupro a menor de idade)? Sem "violência", sem direitos... A mulher estava sozinha em um bar usando roupa considerada provocante pela maioria dos presentes? Se for estuprada e engravidar vai ter que pagar pelo aborto. Essa última aí é por minha conta, mas a lei vai nesse sentido...

Tudo isso está contido naquela palavrinha lá: “forcible”. Não existe definição legal para “forcible rape” em nível federal e em muitos estados. O próprio projeto de lei não define exatamente o termo. Mas a ideia só pode ser limitar o direito a ajuda em casos de estupro (se não, era só manter a lei em vigência).

Imagino que a urgência em passar uma lei dessas se deve ao fato de abortos desse tipo estarem onerando de forma significativa o Estado americano contribuindo para aumentar seu gigantesco deficit orçamentário. Em 2006 o governo federal pagou por 191 abortos... isso mesmo... apenas 191 abortos. Mas não mais! Acabou a farra mulherada! Nada mais de ser estuprada e achar que o governo pode te ajudar em caso de gravidez indesejada!